sábado, setembro 26, 2009



Sábado passado eu estava com saudades de ser metade de um universo de dois, hoje estou me deliciando com ser um universo de uma.

Eu sou um animal ultra-social e por isso mesmo preciso tanto de dias como hoje, de silêncio, sem compromisso algum, acordar sem despertador, sair sem rumo, andando no solzinho que mais parece de Outono do que de Primavera, ler meus livros, ouvir minhas músicas, ficar comigo, desligar o telefone e sorrir pra estranhos na rua. Dia de andar no ritmo da minha própria batida.

Talvez eu esteja assim hoje porque meu irmão e meu outro irmão chegaram à Paris e eu estou tão feliz pelos dois. Talvez porque acordei e o dia está tão lindo. Talvez por causa da primavera, que tardou mas não falhou.

Talvez porque eu troquei a resistência do meu chuveiro e sempre fico feliz quando faço sozinha coisas que minha mãe diz que eu "devia arranjar um homem para fazer por mim". Ok, não funcionou, eu cansei de brincar de eletricista, assumi que foi o chuveiro inteiro que queimou e não só a resistência e deixei para resolver 2a. (e não se preocupe, eu tenho uma banheira, sou limpinha). Mas mesmo assim, é a segunda resistência que eu troco sozinha!

O importante é que depois de uma semana que foi bem difícil, hoje está sendo um dia em que eu me sinto feliz de ser quem eu sou, que eu aprecio demais minha própria cia, meu silêncio, "a música da minha existência". Dia de ficar feliz de saber que eu não deixo o mundo me vencer.

domingo, setembro 20, 2009


Tarde / Noite passada em (ótima) cia. só de casais - porque o mundo gira em pares e eu sou um número primo - e aí fiquei lembrando de duas coisas, uma cena linda linda de Lars and the Real Girl, quando ele leva a boneca a uma festa, e o que eu estava pensando outro dia sobre os universos paralelos que a gente cria quando estamos em casal.

Pensei nisso de 'universos paralelos' porque ultimamente ando tendo muitos encontros que são 'segredo', por motivos diferentes eu não posso contar para qualquer pessoa com quem eu saí ou transei, coisa meio inédita porque eu sempre fui uma pessoa que podia ser completamente clara sobre com quem eu dormi. Pensando nisso eu percebi que gosto dessa coisa de ter um segredo, desses mundos que existem com esses caras secretos (e calma com o plural, é só figurativo), esses universos que só existem dentro do meu apartamento, universo de duas pessoas.

Mas acabei concluindo que todo casal tem isso, um universo exclusivo, que existe em todo lugar em que as duas partes estão juntas. Fiquei lembrando de relacionamentos passados, as pequenas coisas, os pequenos hábitos desenvolvidos, os códigos, percebi que no fim, depois de tudo acabado e quase esquecido, foram esses universos de bobagens e peculiaridades que tornaram cada um desses relacionamentos que duraram tão únicos e especiais.

Resumindo então tudo isso, nessa madrugada de sábado, depois de passar a noite vendo casais e suas peculiaridades e mensagens não verbais e afins, sozinha em casa, eu sinto saudades de ser metade de um universo único que existe além de só aqui.

quinta-feira, setembro 17, 2009

The other day I said I was actually a man, tonight I know I'm a girl. This "medium luck in love" girl, from Jonathan Carroll

An excerpt from a letter. Friends and family were discussing an extraordinary woman who, for some mysterious reason, has had only medium luck in love. Someone who knows her very well said this:

"She wants what very few people know how to give. She wants all the simple things. Not many people know how to do simple anymore. She wants grilled cheese sandwiches at home dipped in ketchup served on a paper plate, not dinner at an expensive restaurant. She wants to sit on the beach at sunset, not some far away exotic vacation. She wants a handwritten note that says I care about you, not some piece of jewelry that was financed over three years. She wants you to brush her hair, not send her to some spa for a day.

"And she wants things even simpler than that. Simple things that it seems like we have all forgotten. She wants you to hold her hand while you're watching re-runs together on the couch. She wants you to look at her when you talk to her. So many guys have it all wrong. You think it is about where you take her and what you buy her for her birthday and for Christmas and you think it is about figuring out how her mind works. You think it is about being the best lover she ever had and you think it is about what she thinks of your career and your friends and your families and you think it is about all kinds of things that would never matter to her.

"As far as she's concerned, you can go out with the guys as often as you like. She *wants* you to have fun and enjoy yourself. You can have a job that keeps you and calls you away from home. She wants you to be happy with your work and she wants you to succeed. You can be so-so in bed. She wants to learn your body and have you learn hers. You can be greedy and selfish and demanding from time to time. She wants to work things through with you. You can see her once a week or once a month. She just wants to make the most of the time you get together.

"What does she want? That’s what someone asked. All she wants is to be loved, simply. Just like she loves everything in her life. There is no complex formula to the way she lives. Everything for her is simple and easy because everything comes from her heart. She wants to be loved from your heart. And no one in her life has done that yet because people spend way too much time over-thinking things and over-analyzing things and doing stupid or manipulative things and finding reasons not to just love from the heart. "

And then he got up and left. And no one said another word

segunda-feira, setembro 14, 2009

"The only things in life that are important are the things you remember." - Jean Renoir

Eu pensei em várias formas de começar esse post, começar falando sobre o barato da música, sobre a minha frase favorita de um dos meus filmes favoritos (“There's only one instant, and it's right now. And it's eternity.”), sobre algo que minha amiga me disse outro dia – como ela estava parada no farol da Consolação e de repente começou a tocar 'Old habits die hard' e ela olhou p/ cima e viu o lugar onde ela comia Pizza Hut na cama, sendo feliz – sobre como algumas músicas sempre lembro onde eu a ouvi pela primeira vez, como essas músicas para sempre estarão atreladas àquele momento específico, especial. Aqueles momentos que são a minha vida, a minha trilha sonora, momentos que me trouxeram até aqui.

Mas eu resolvi ser objetiva e começar contando que ontem, antes de dormir, meu iPod, que tem vontade própria, começou a tocar a música aí em cima e eu fui transportada para o momento em que a ouvi pela primeira vez, quando quis pagar de esperta e logo disse 'Bette Davis Eyes' remix (a brincadeira era 'Qual é a música?') e um par de olhos me olhou, sorrindo, daquele jeito que diz ”não, perdeu, eu ganhei”, uma boca parou de beijar meu corpo e sorriu também e disse o que os olhos já haviam me explicado. E eu sorri de volta, impossível não sorrir de volta mesmo tendo perdido a brincadeira.

O ponto desse post é que fui dormir ainda sorrindo e hoje o dono daqueles olhos, daquela boca, por transmissão de pensamento, depois de semanas, me mandou uma mensagem, que me fez sorrir de novo, ainda. Esse é o barato da música, da vida, dos momentos que a gente lembra por causa de uma música, porque a gente não lembra com peso, é leve, é sorrindo. Tudo aquilo passou, está no passado – porque as plantas que não têm para onde crescer acabam murchando e morrendo - mas sempre continua presente, é minha história – a menos que eu bata a cabeça e tenha amnésia e mesmo assim ainda acredito que vou ouvir algumas músicas e sorrir, sem saber por quê.

quinta-feira, setembro 10, 2009

"I was having this awful nightmare that I was 32. And then I woke up and I was 23. So relieved. And then I woke up for real, and I was 32."

Eu nunca tive vida de estudante, quando entrei na faculdade comecei a trabalhar para pagar a faculdade, com 17 anos, e foi isso, nunca mais parei, nem de trabalhar, nem de estudar (ok, tive um hiato de uns 4 meses de vagabundagem, pós-colapso nervoso, mas mesmo vagabundando ainda fui estudar). Fazendo as contas, nesses 15 anos trabalhando eu tive uns 4 meses de férias (somando todos os picadinhos, feriados, reveillon). Combinei então de mais ou menos tirar 3 meses de férias e me dedicar à monografia e OAB - mais ou menos porque óbvio que eu continuo fazendo coisas de trabalho sempre.

Aí que nas 2 primeiras noites de 'vida de estudante', o que eu fiz invés de ir à faculdade? Vi as minhas amigas! Papo de menininha total!! Ontem porque uma eu estava com saudades, fazia mais de 1 mês que não conversávamos e hoje porque outra teve um semi-colapso / lesbian drama / socorro. E foi engraçado, muito dos papos (porque amigas conversam mesmo e não sobre superficialidades, trivialidades, é papo sério, profundo, antropológico mesmo às vezes) giraram em torno da nossa idade, do que esperávamos da vida, do que nos aconteceu, de como vivemos, quantas coisas superamos, o futuro que nos espera e o que esperamos do futuro, "our hopes and expectations, black holes and revelations".

Duas meninas conseguem sentar e conversar sério e sem parar por 5, 6 horas, sem perceber a hora passar. É, medo, I know. E é por isso que eu não conseguiria ser lésbica.

...


Sobre ter 32 anos, além de ter falado tanto disso, idade, sociedade, vida de estudante depois dos 30, expectativas e relógio biológico nessas duas noites, agora ri de mim mesma porque abri meu email e me empolguei mais com um 'festival de king crab' do que com uma super-balada-de-sei-lá-o-quê. É, faz alguns anos que eu não ligo para super-baladas, prefiro comer super-comida.

PS. sobre vida de estudante: Por que eu amo minha faxineira mesmo ela fazendo tudo errado - ela nunca me encontra, sempre já saí quando ela chega, mas ontem eu estava em casa e ela sabe que não é para falar comigo antes de eu tomar meu café, ou melhor, que não é para falar comigo por pelo menos meia hora depois de eu ter levantado, ainda não estou conversável.

quarta-feira, setembro 09, 2009

A questão do Tédio continua rodeando... Sábado saí com uma amiga e fui lembrada do porque somos tão 'soul-sisters', comentei o quão entediada eu estava na noite anterior, durante a aula e ela respondeu "É... Evan Dando", o que me fez rir.

Quantas pessoas do mundo relacionam 'tédio' com aquele cd obscuro "Baby, I'm bored" que o Evan Dando gravou sozinho, entediado durante uma temporada de rehab? Ela e eu com certeza, imediatamente, lembramos inclusive da capa fofa e entediante do cd.

Agora, no meio do tédio de uma 'segunda-feira' que o dia inteiro teve cara de noite, chuvosa e entediante, ouço a música tema do programa novo do Jason Schwartzman que ainda nem estreou e eu já sou fã. O show se chama "Bored to death", gotta love the boy...

E um PS, apesar de minha soul-sister, minha amiga ainda é mais mulherzinha que eu e não achou graça na minha solução para o tédio de 6a. feira, enquanto meus dois amigos acharam fantástica a idéia.

quinta-feira, setembro 03, 2009

Frases soltas, pescadas de conversas aleatórias, em dias aleatórios, que ainda me fazem rir e me vieram à mente agora:

Alex: "Mas sério, se eu fosse solteiro, eu olharia qualquer uma de vocês e pensaria - 'Ah, eu vou pra casa ver um DVD, vai dar muito trabalho demais, melhor ver um filme...'"

"Se for pra nunca mais ter sexo como aquele, eu prefiro morrer agora!"
"Eu também!! Caralho, são 6.2 bilhões de pessoas no planeta, tem que ter alguém melhor!"

"Ah, mas não dá pra esperar que o sexo seja sempre fantástico, senão não dá para fazer o resto das coisas..."
"I know... Foi legal, mas totalmente esquecível... Lembrei do Jesse em Before Sunset... 'I'd welcome the challenge'"

terça-feira, setembro 01, 2009

Posso até odiar um ou outro homem de vez em quando, mas eu sempre amo os Homens. Então trombei com uma 'Thank you note to men', escrita pela linda, maravilhosa, abandonada grávida por um garotinho que foi prontamente substituído por um Homem, Mary-Louise Parker para a Esquire (BTW, meninos, no link tem fotos semi-nua/nua dela ;-)) - uma 'thank you note' perfeita, com tudo pelo qual eu também agradeço aos Homens por existirem.

A Thank-You Note to Men
By Mary-Louise Parker

To you, whom it may concern:
Manly creature, who smells good even when you don't, you wake up too slowly, with fuzzy, vertical hair and a slightly lost look on your face as though you are seven or seventy-five; you can fix my front door, my sink, and open most jars; you, who lose a cuff link and have to settle for a safety pin, you have promised to slay unfortunate interlopers and dragons with your Phillips head or Montblanc; to you, because you will notice a woman with a healthy chunk of years or pounds on her and let out a wolf whistle under your breath and mean it; because you think either rug will be fine, really it will; you seem to walk down the street a little taller than me, a little more aware but with a purpose still; to you who codifies, conjugates, slams a puck, baits a hook, builds a decent cabinet or the perfect sandwich; you who gives a twenty to the kids selling Hershey's bars and waits at baggage claim for three hours in your flannel shirt; you, sir, you take my order, my pulse, my bullshit; you who soaps me in the shower, soaks with me in the tub; to you, boy grown-up, the gentleman, soldier, professor, or caveman, the fancy man with initials on your towels and salt on your chocolates, to you and to that guy at the concession stand; thank you for the tour of the vineyard, the fire station, the sound booth, thank you for the kaleidoscope, the Horsehead Nebula, the painting, the truth; to you who carries me across the parking lot, up the stairs, to the ER, to roll-away or rice mat; to you who shows up every so often only to confuse and torment, and you who stays in orbit, always, to my left and steady, you stood up for me, I won't forget that; to you, the one who can't figure it out and never will, and you who lost the remote, the dog, or your way altogether; to you, wizard, you sang in my ear and brought me back from the dead, you tell me things, make me shiver; to the ones who destroyed me, even if for a minute, and to the ones who grew me, consumed me, gave me my heart back times ten; to most everything that deserves to call itself a man: How I do love thee, with your skill to light fires that keep me warm, light me up.