segunda-feira, abril 09, 2012



Terceiro dia de caminhadas desvairadas, não estou falando de caminhar por 1, 2 horas, por 5 ou 10 quarteirões, estou falando de 6, 8 horas caminhando, por incontáveis quarteirões. Porque eu me perco, tinha que virar para um lado, viro para o outro e quando percebo faz 2 horas que estou caminhando sem saber onde estou.


Não caminho por aí sem rumo só porque eu gosto, começo a pensar que aprendi a gostar de andar sem rumo porque não tenho senso de direção... Não é nessa viagem que comecei a gostar de caminhar sem destino definido. Mas nesses dias comecei a aprender a usar a bússola do Google Maps.

Hoje eu tinha plano definido. Dia de 3 "igrejas". Logo cedo missa estilo Blues Brothers, com direito a palmas, cantoria e Améns e Praise the Lords, porque esse é um dos meus programas favoritos em NYC. Depois cherry blossoms, que não é igreja, mas quase; se você pensar na impermanência budista, na parte quase religiosa de buscar as flores perfeitas, no vento, tudo aquilo que vive em quem eu cresci para ser.


Finalmente, à noite, minha igreja, minha religião. Dança. O corpo como instrumento para tudo o que vi durante o dia, elevação da alma, proximidade, amor, grupo, unidade, conjunto, impermanência, força e doçura, tudo junto e misturado. Como disse a Pina no filme, a dança existe para quando a palavra falta, ou algo assim.


O meu corpo nunca foi meu templo, citando o Anthony Bourdain, sempre foi meu parque de diversões, que eu sempre usei e abusei, desde as noites sem dormir (fosse para a balada, fosse para trabalho) até esperar mais 2 quarteirões antes de beber aquele gole de água que ele está pedindo (só pelo hábito de não ceder a tudo que ele pede imediatamente). E nesses dias, mais do que o normal, ele é todo meu meio de transporte, todo meu acesso ao mundo. Dias sensoriais, não intelectuais.


E sobre o Furza Bruta? Tudo que eu imaginava e muito muito mais.